Professores(as) e
funcionários(as) foram tomados de surpresa pela campaha públicitária do governo
do estado do Paraná veiculada em horário nobre na grade de programação da Rede
Globo, e da Rádio CBN. A campanha, que tem como âncora, a atriz global Nathália
Timberg, tem a pretensão de homenagear os professores do Paraná, a partir das
realizações do governo na área da valorização profissional.
A propaganda induz a
população ao erro. O seu enredo principal é dizer que o governo do Paraná
respeita os professores. Infelizmente, o governo esquece dos vários momentos em
que agiu com desrespeito à categoria, descumprindo promessas, acordos e
atrasando pagamentos de direitos. Não vamos aqui negar as conquistas que
professores e funcionários tiveram neste e no governo anterior. Mas estas
vieram à duras penas, após processos de luta e negociação. O atual governo se
negou por vezes a implantar o Piso Nacional e em ampliar a hora-atividade
conforme estabelece a legislação. Só mudou de opinião em virtude da pressão da
categoria.
Coincidentemente, as
conquistas anunciadas pela propaganda governamental só vieram às vésperas de
assembleias da APP-Sindicato de deflagração de greve.
Reajustes
salariais - O
governo do Paraná anuncia que, em três anos, concedeu 50,16% de reajustes para
os professores. Porém, não diz que boa parte deste índice foi aplicado em
virtude da legislação vigente, pressão da categoria, e não por um favor do
governo. Vejamos:
Lei
Estadual 15.512 de 2007
– estabelece a reposição das perdas inflacionárias a cada ano no mês de maio.
Esta é uma das principais conquistas do funcionalismo público no último
período. De 2007 para cá, independente do governo, o funcionalismo tem a
garantia deste direito. Nos últimos três anos isto significou 19,2% de
reposição inflacionária.
Lei
Federal 11.738/2008
– A Lei estabeleceu o Piso Salarial Profissional Nacional para os professores
com correção a cada ano, sempre no mês de janeiro. Para se adequar à legislação
nacional o governo aplicou, nos últimos dois anos, aproximadamente 13% de
reajuste para os professores do Paraná. Na justiça, a APP-Sindicato cobra do
governo o pagamento dos valores retroativos ao mês de janeiro de cada ano,
visto que esta aplicação no Paraná só tem se dado no mês de maio. Fora isto, o
governador se comprometeu, durante a campanha eleitoral, equiparar o salário
inicial dos professores com as demais carreiras do estado de nível superior.
Hora-atividade - O governo afirma que ampliou em
50% a hora-atividade do professor. Tínhamos 20% de hora-atividade e avançamos
para 30%. Porém, a Lei do Piso Nacional dos professores estabelece 33% da
jornada. Esperamos que, mesmo tardiamente, o governo cumpra em 2014 os 33% de
hora-atividade.
Concursos
Públicos - Uma das
grandes demandas da valorização dos profissionais da educação do Paraná, sem
sombra de dúvidas é a realização de concursos públicos para, gradativamente,
substituir o quadro ainda significativo de contratos precários na educação. A
desorganização e equívocos do último concurso realizado pelo governo enfrentam
um descontentamento generalizado da categoria. O concurso sofre uma série de
denúncias no Ministério Público e centenas de ações judiciais. A categoria
cobra solução e a realização de novos concursos a serem realizados por
instituições de ensino públicas tanto para professores(as) e funcionário(as).
A propaganda do
governo do Paraná deixou educadores perplexos. Ao se deparar com a campanha
publicitária fazemos a seguinte pergunta: quanto o governo está pagando para o
Sistema Globo de rádio e televisão? Com certeza, o valor não é pequeno. Em
contrapartida, para o pagamento de dívidas de avanços de carreira o governo
alega não ter dinheiro.
Nós, educadores do
Paraná, queremos sim respeito e valorização profissional. Esperamos que a
valorização anunciada pelo governo se materialize na instituição de uma
política de prevenção à saúde dos educadores que estão cada vez mais doentes em
sala de aula. Se materialize na implementação, o mais rápido possível, de um
novo modelo de atendimento à saúde dos servidores públicos do Paraná. Se
materialize ainda, no pagamento das promoções e progressões de professores(as)
e funcionários(as) de escolas, em atraso
a mais de um ano; na implantação dos 33% de hora-atividade no processo de
distribuição de aulas no final deste ano; na implantação dos 3,94% da
equiparação salarial neste mês. Esperamos que para que isto ocorra, nós não
precisemos ir novamente às ruas, paralisar nossas atividades, ou fazer
acampamento em frente ao Palácio Iguaçu.
Por fim, reafirmamos
aqui o nosso compromisso com a melhoria da qualidade da educação pública de
nosso Estado e a nossa disposição de luta e diálogo para que cada vez mais se
diminua a distância entre o discurso da valorização da educação e a realidade
das condições de trabaho, de sáude e de salário da nossa categoria.
APP-Sindicato
dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná.
Fonte: http://www.appsindicato.org.br/Include/Paginas/noticia.aspx?id=9366
Realmente uma vergonha, mentir, este verbo nós professores não conjugamos.
ResponderExcluirParabéns pela reportagem. Esses políticos que ainda insistem em se alicerçar em mentiras, esquecem que as coisas mudaram; todo mundo tem voz na era do compartilhamento das informações. E está brincando justamente com a classe mais intelectualizada do país. Isso mesmo! A profissão de professor foi, sim, proletarizada quando a educação deixou de ser para alguns poucos privilegiados e passou a ser para todos, mas continuam a ser aqueles que mais bem enxergam humanamente e podem mudar a realidade do país.
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