Dirigentes sindicais de
diversas regiões do Estado estiveram reunidos durante esta quinta-feira (13)
para discutir os rumos da Saúde do Trabalhador e também escolher os delegados
que representarão o Paraná na Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, promovida
pela CUT em São Paulo na segunda quinzena de abril.
“Um sindicato cidadão, uma
Central cidadã, não podem ficar restritos as negociações salariais. É preciso
promover o bem estar social da classe trabalhadora e não há dúvida que isso
passa pela saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras”, afirmou a presidenta
da Central, Regina Cruz, durante a abertura da conferência.
O deputado estadual Tadeu
Veneri destacou a luta na Assembleia Legislativa pela manutenção dos direitos
dos servidores públicos. Ele citou como exemplo a luta pelas 30 horas dos
servidores da saúde. “Não queremos 30 horas apenas, queremos 30 horas com
salário decente para que ninguém precise complementar seu salário em outros
locais de trabalho”, afirmou.
Assédio
Moral - A advogada Jane Salvador de Bueno Gizzi foi convidada
para falar sobre Assédio Moral. Ela explicou que hoje são considerados três
tipos distintos desta prática. O primeiro deles é o assédio moral perverso.
“Este é o que mais ouvimos falar. Trata-se do chefe que grita, persegue e
humilha. Na doutrina e na jurisprudência é conceituado como uma série de
práticas, gestos e palavras que tem como finalidade denegrir, humilhar e
menosprezar o trabalhador”, explica.
O segundo tipo, de acordo
com ela, é o estratégico. “É aquele que tem como objetivo eliminar a pessoa do
ambiente de trabalho”, relata. Jane citou o exemplo de uma bancária, com mais
de 20 anos de trabalhos prestados e reconhecida como uma boa profissional.
Entretanto, ao ficar subordinada a um determinado superintendente, teve
funcionários ligados a ela transferido para outras agências, com o claro
objetivo de minar o seu trabalho. “A chefia engendrou atos para que ela se auto
excluísse. Na verdade, falando na linguagem comum, puxou seu tapete. Ao final
do ano fez uma avaliação de desempenho com nota péssima e a demitiu”, recordou
a advogada.
O último deles, segundo
Jane, é o assédio moral organizacional. Neste caso, de acordo com advogada,
este é o caso quando as práticas estão arraigadas na cultura e lógica da
empresa ou instituição. “É o que temos chamado de normalidade sofredora também,
pois no dia-a-dia o trabalho torna-se um grande sofrimento pela forma como a
corporação assume a sua gestão. Este cenário, ao longo do tempo, vai levando ao
adoecimento, normalmente mental, ou ainda com doenças psicossomáticas. É
preciso ficar atento a todos estes sinais e combater todos os assédios morais”,
enfatizou.
E é neste tipo de assédio,
de acordo com ela, que o Instituto Declatra, vinculado ao escritório em que
trabalha, está desenvolvendo um projeto em parceria com o Sindicato dos Bancários
de Curitiba. O objetivo é realizar uma ampla pesquisa para investir se, de
fato, está intrínseco este tipo de assédio moral com métodos de gestão
equivocados. “São metas abusivas, que vão sendo esticadas, afinal, se um
trabalhador conseguiu a primeira meta, pode conseguir um pouco mais”, relata.
Na pesquisa estão sendo avaliadas ações ajuizadas contra uma determinada
instituição, bem como relatos documentados no próprio sindicato dos bancários.
Esta composição resultará em um grande banco de dados que servirá como
subsídios para ações na Justiça do Trabalho.
Educadores
-
O diretor da APP-Sindicato, Idemar Beki, trouxe para a conferência uma série de
informações e estatísticas relacionadas ao afastamento de educadores
paranaenses das escolas em virtude das doenças ocupacionais. De acordo com ele,
em pesquisa realizada pelo próprio Sindicato, 66% dos entrevistados declararam
que ficaram doentes em virtude da sua atividade laboral. “Destes, 30% tinham
depressão, 28% problemas de voz, 17% problemas de coluna e 8% doenças
respiratórias”, listou.
Beki também apresentou um
levantamento realizado pelo Sindicato que mostrou que somente em maio de 2012
foram 3,1 mil professores afastados por doença e 1.892 funcionários. “Chegamos
a quase cinco mil pessoas afastadas por doença nas escolas públicas, este dado
apenas demonstra o grau de adoecimento dos educadores”, completou.
Para o tratamento destes
trabalhadores, o Governo do Estado gastou R$ 3,5 milhões. Valor, que na
avaliação de Beki, poderia ser destinado à promoção à saúde destes
profissionais. “Se o Governo do Estado utilizasse este tipo de política, o
dinheiro seria muito melhor usado. Vamos lembrar que dos 76 mil docentes, 9.550
tiveram problemas mentais e comportamentais em 2012 e que mais de 12% dos docentes
já apresentaram algum tipo de sofrimento mental”, alertou.
Durante o período da tarde,
os delegados discutiram os eixos temáticos que norteiam as conferências: “Saúde
do Trabalhador e Seguridade Social”; “O papel da OLTs na Saúde do Trabalhador e
a Organização dos Ramos e Macros setores da CUT”; “Saúde do Trabalhador e Meio
Ambiente” e “Saúde do Trabalhador, Desenvolvimento Socioeconômico e
Tecnológico”.
Ao final da conferência
foram eleitos nove delegados que representarão o Paraná na Conferência Nacional
de Saúde do Trabalhador da CUT, dentre eles o professor Idemar Beki
representará a Educação do Paraná. O evento acontecerá em São Paulo nos dias,
23, 24 e 25 de abril.
Fonte:
CUT-PR
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