A Secretaria de Estado da Educação (Seed) enviou às escolas um comunicado (001/2014) assinado pelo secretário Flávio Arns para ser reproduzido e distribuído a pais e a alunos, em que condena, difama e ameaça com retaliações os professores que aderirem ao Hora-Atividade pra Valer, a iniciativa da categoria, tomada em assembleia, que, diante da inércia do governo, vai efetivar o direito, previsto em lei, a um terço de atividade extraclasse para os docentes.
Tentando estigmatizar e judicializar
a iniciativa dos trabalhadores em cumprir a lei, a nota caracteriza a
Hora-Atividade pra Valer, democraticamente discutida e tomada em assembleia,
como uma “campanha do Sindicato”, como se fosse movimento localizado e extremista.
O comunicado ainda caracteriza a ação como uma dispensa ilegal de alunos “fora
do contexto democrático”.
Tenta também instaurar o
conflito e indispor estudantes, pais e demais membros da comunidade escolar com
os professores, ao dizer que a iniciativa causa “prejuízos aos nossos
estudantes”. O que causa prejuízo aos estudantes é o desmonte pedagógico que o
governo Beto Richa vem paulatinamente promovendo. E causa muito prejuízo
financeiros aos(às) educadores(as) ao acumular uma dívida de mais de R$ 100
milhões em direitos salariais com atraso de um
ano!
O
clima ruim não para por aí. A Seed também aterroriza os professores, ameaçando
valer-se “de todos os meios administrativos e legais” para coibir a ação. Se
alguém tinha dúvidas sobre o que isto significa, um ofício, destinado aos
diretores de escola (n.º 04/2014), determina que “ações contrárias” sejam
registradas em relatório de ocorrência e encaminhadas ao respectivo Núcleo
Regional de Educação para que “possam ser tomadas as medidas administrativas
cabíveis”, usando argumentos autoritários.
Em razão destas investidas
contra a organização dos trabalhadores, é preciso que a APP deixe claro que
ilegal é este governo, que descumpre acintosamente a Lei Federal 11738/08,
que estipula um terço da jornada para as atividades extraclasse, a decisão do Supremo
Tribunal Federal (ADI 4.167),
que julgou constitucional a Lei, bem como a mudança que ele próprio editou no
ano passado (Lei Complementar 155/13),
adequando o Plano de Carreira do Magistério ao que era previsto nacionalmente.
É deplorável que o governo
insista neste jogo, dizendo-se democrático, aberto ao diálogo e, no entanto,
displicente ao que é essencial – o respeito ao direito – e hostil a quem quer
simplesmente cumprir a lei. Nada vai mudar nosso ímpeto em cumprir a lei. Reiteramos:
nossa luta é para valer. A Hora-Atividade pra Valer irá com tudo para assegurar
o que está em lei.
Sabemos de coisas
fundamentais: que conquista não acontece sem luta e que o outro lado não vai se
cansar de ameaçar. Nossa categoria é o exemplo vivo de que só a mobilização
assegura a conquista e o cumprimento de direitos e não será agora que seremos
tomados pelo desânimo. Também sabemos que este governo, como todos os demais,
ao ver os servidores prontos para a luta, não titubeará em sacar do bolso as
sanções da lei estadual 6174/70, editada em plena ditadura, para impor o
silêncio obediente.
A Direção Estadual da APP,
através da Secretaria de Assuntos Jurídicos da entidade, garante a todos os
professores que dará toda a assistência jurídica àquele(as) que eventualmente forem
perseguidos por processos administrativos e judiciais em razão da participação no
Hora-Atividade pra Valer e estuda medidas judiciais para fazer o Estado cumprir
a sua obrigação com os professores.
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